O termo “estresse no trabalho” refere-se tanto às demandas, ou “fatores estressantes”, quanto às origens, efeitos e moderadores da resposta ao estresse, um fenômeno psicológico.
No ambiente corporativo, o estresse no trabalho é frequentemente utilizado para descrever a tensão contínua ou crescente que um funcionário experimenta devido às suas funções, condições, ambiente ou outras pressões.
Esse estresse pode se manifestar de diferentes formas, dependendo do trabalhador, de sua função, da cultura da empresa e de outros fatores. Tanto as empresas quanto os funcionários demonstram grande preocupação com o estresse relacionado ao trabalho, pois ele está diretamente ligado à rotatividade de colaboradores.
O que é estresse no trabalho?
Dada sua longa história como um problema recorrente, o estresse no trabalho deve ser considerado um fator de risco. Embora não seja uma condição aguda ou prejudicial por si só, trata-se de um problema crônico que não pode ser simplesmente tratado ou eliminado.
Em vez disso, o estresse no trabalho exige uma compreensão da sua epidemiologia e do seu histórico antes da adoção de estratégias eficazes de proteção, prevenção e intervenção. Ao analisar esse fenômeno, é possível dividi-lo em três etapas:
- Estágio 1 – Refere-se às causas do estresse, conhecidas como fatores de risco.
- Estágio 2 – Corresponde à resposta ao estresse, uma reação natural às demandas externas ou pressões internas.
- Estágio 3 – Diz respeito aos efeitos ao longo da vida, que podem se manifestar como sofrimento médico, psicológico ou comportamental, além de condições de saúde relacionadas ao estresse.
O estresse tende a afetar áreas mais vulneráveis do indivíduo, frequentemente descritas como seu “calcanhar de Aquiles”, uma vez que não se trata de uma condição específica, mas sim de um fenômeno complexo e multifatorial.
Como o estresse no trabalho se manifesta?
As causas do estresse no ambiente de trabalho podem variar de pessoa para pessoa, mas é importante entender que ele pode afetar profissionais de qualquer organização, independentemente do porte da empresa. Entre os principais fatores que contribuem para o estresse no trabalho, destacam-se:
- Políticas e procedimentos excessivamente rígidos – Embora seja fundamental que as empresas mantenham diretrizes e protocolos, regras muito rigorosas podem gerar pressão e contribuir para o estresse no trabalho.
- Falta de oportunidades de desenvolvimento – A ausência de crescimento profissional e pessoal pode desmotivar os funcionários, aumentando os níveis de estresse.
- Conflitos internos – Desentendimentos entre indivíduos, equipes ou departamentos podem gerar um ambiente de trabalho tóxico e estressante.
- Microgerenciamento e má gestão – O controle excessivo sobre os funcionários pode ser prejudicial, resultando em insatisfação e estresse.
- Falta de suporte do RH – Quando o departamento de Recursos Humanos não cumpre seu papel de apoio e mediação, os funcionários tendem a sentir-se desamparados e desmotivados.
- Fatores emocionais, ambientais ou pessoais – Questões externas, como problemas pessoais ou um ambiente de trabalho desfavorável, podem amplificar o estresse no trabalho.
- Bullying, discriminação e desrespeito – Atitudes como assédio moral, preconceito e menosprezo afetam diretamente o bem-estar dos funcionários, tornando o ambiente de trabalho insustentável.
- Má gestão do tempo – A falta de organização, prazos apertados e instruções pouco claras podem gerar sobrecarga e estresse.
- Ausência de orientação profissional – Funcionários que não recebem apoio adequado de seus líderes ou gestores podem se sentir inseguros, o que aumenta o estresse.
- Sobrecarga de trabalho – Exigir além da capacidade do funcionário, sem o devido suporte ou treinamento, pode resultar em exaustão física e mental.
- Ameaças constantes de demissão – O medo de perder o emprego não motiva os funcionários a trabalhar melhor; pelo contrário, aumenta a ansiedade e o estresse.
- Cortes salariais e redução de benefícios – Medidas como redução de salários e bônus sem justificativa clara podem impactar negativamente tanto o desempenho quanto o bem-estar dos funcionários.
Estresse no local de trabalho e o risco de rotatividade de funcionários
O estresse relacionado ao trabalho é um fator que contribui significativamente para o aumento da rotatividade de funcionários. No entanto, medidas eficazes para reduzir o estresse no ambiente corporativo podem ajudar a minimizar essa rotatividade e melhorar a retenção de talentos.
Contexto
Embora diversas pesquisas tenham analisado a relação entre estresse no trabalho e rotatividade, muitas dessas investigações foram baseadas em amostras pequenas, dados autorrelatados, profissionais da área da saúde ou metodologias transversais.
Este estudo utilizou registros reais de rotatividade de funcionários de uma empresa para examinar se o estresse no trabalho aumenta a probabilidade de desligamento, por meio de um estudo de coorte prospectivo em larga escala.
Métodos
Os participantes do estudo foram 3.892 homens e 5.765 mulheres, com idades entre 20 e 49 anos, empregados em uma organização do setor financeiro. Eles foram monitorados de outubro de 2012 a 1º de abril de 2016, e os registros internos da empresa foram analisados para identificar os funcionários que pediram demissão.
Um questionário de estresse no trabalho foi utilizado para classificar os funcionários de acordo com seus níveis de estresse. Com base no modelo de riscos proporcionais de Cox, foram calculadas as razões de risco de rotatividade entre os trabalhadores com altos níveis de estresse, separadamente para homens e mulheres.
Resultados
Durante o período analisado, 122 homens e 760 mulheres pediram demissão, totalizando 11.475.862 dias-pessoa. Após ajustes para fatores como idade, tempo de empresa, tipo de trabalho e cargo, verificou-se que funcionários altamente estressados apresentavam um maior risco de desligamento:
- Para os homens, a razão de risco (intervalo de confiança de 95%) foi de 2,86 (1,74-4,68).
- Para as mulheres, a razão de risco foi de 1,52 (1,29-1,78).
Além disso, os homens apresentaram 8,2% mais probabilidade de relatar altos níveis de estresse, enquanto as mulheres tiveram uma probabilidade 8,3% maior de experimentar estresse intenso.
Fatores como estressores no trabalho, resposta psicológica/física ao estresse, apoio social no ambiente corporativo e carga de trabalho elevada combinada com baixo nível de controle também se mostraram significativamente associados à rotatividade de funcionários (p < 0,05).
Considerações finais
O estresse no trabalho aumenta significativamente a probabilidade de os funcionários deixarem seus empregos. Implementar estratégias para prevenir e reduzir o estresse no ambiente corporativo pode contribuir para a retenção de talentos e melhorar o bem-estar da equipe.
Dicas para combater o estresse no trabalho
Encontrar a melhor forma de reduzir o estresse exige tempo e autoconhecimento. O ideal é buscar soluções que se encaixem na sua rotina e personalidade. Aqui estão algumas sugestões para ajudá-lo a enfrentar os desafios do trabalho com mais equilíbrio e tranquilidade.
- Evite sobrecarga – Não agende reuniões consecutivas e, se possível, reserve um dia da semana sem reuniões. Essa pausa ajuda a organizar seus pensamentos e recuperar o foco.
- Faça pausas regulares – Ficar sentado o dia todo pode reduzir a interação, a criatividade e o bem-estar físico e mental. Levante-se, alongue-se e mude de ambiente sempre que possível.
- Mantenha-se ativo – Exercícios físicos ajudam a equilibrar os químicos do cérebro, liberando endorfinas, que reduzem o estresse e melhoram a qualidade do sono.
- Priorize o sono – Dormir pelo menos sete horas por noite é essencial. O estresse excessivo pode causar ansiedade e afetar o sono, resultando em problemas de saúde, como depressão.
- Divida projetos em etapas – Trabalhar em tarefas grandes sem planejamento pode ser exaustivo. Organize-se com um plano passo a passo ou um cronograma para tornar o trabalho mais gerenciável.
Vantagens de usar pesquisas para avaliar o estresse dos funcionários
Para lidar com o estresse no ambiente de trabalho de forma eficaz, muitas organizações estão adotando pesquisas como uma ferramenta essencial para avaliar o nível de estresse dos funcionários. Os principais benefícios dessa abordagem incluem:
Identificação dos principais fatores de estresse
Pesquisas permitem que empregadores identifiquem com precisão os fatores que mais impactam o bem-estar dos colaboradores, como prazos curtos, sobrecarga de trabalho, falta de recursos ou conflitos interpessoais. Com essas informações, é possível adotar medidas estratégicas para criar um ambiente mais saudável e produtivo.
Avaliação contínua da eficácia das estratégias de gestão do estresse
Ao aplicar pesquisas regularmente, as empresas conseguem monitorar e aprimorar suas estratégias para reduzir o estresse no ambiente de trabalho. Isso garante que políticas e programas de bem-estar sejam ajustados conforme as necessidades da equipe, promovendo um impacto positivo duradouro.
Fomento à transparência e à comunicação aberta
O uso de pesquisas reforça a cultura de transparência e incentiva a comunicação aberta dentro da empresa. Quando os funcionários têm um canal seguro para expressar suas preocupações anonimamente, eles se sentem mais valorizados, o que fortalece a confiança e o engajamento com a organização.
Prevenção de problemas de saúde e aumento do bem-estar
Detectar sinais de estresse precocemente possibilita a implementação de medidas preventivas que ajudam a evitar impactos negativos na saúde mental e física dos colaboradores. Com menos estresse, há um aumento na produtividade, na satisfação profissional e na retenção de talentos.
Tomada de decisões embasadas em dados
As pesquisas fornecem dados concretos que ajudam a empresa a acompanhar a evolução do estresse organizacional e a tomar decisões baseadas em evidências. Monitorar tendências e identificar padrões permite a implementação de ações direcionadas e a avaliação contínua da sua eficácia.
Os departamentos de Recursos Humanos podem reduzir significativamente os níveis de estresse no ambiente de trabalho ao implementar programas, projetos e estratégias que façam os funcionários se sentirem valorizados, apoiados e à vontade.
Ao promover um ambiente saudável e acolhedor, o RH contribui para a redução do estresse organizacional. Isso inclui agir rapidamente contra práticas como bullying, discriminação e assédio, além de incentivar uma política de portas abertas, onde os colaboradores se sintam seguros para relatar preocupações sem receios.
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